5.7.08

Nunca seríamos como aquele cara que dançava sobre o palco de tábuas

O cara subia naquele palco de tábuas e quebrava o quadril, as pernas indo e vindo alucinadamente. A voz fazendo as meninas sonharem, porra! As garotas cantavam, gritavam, urravam. Ninguém dançava daquela maneira, depois todos garotos também tentavam fazer o mesmo. A poeira levantava no meio da histeria. todos tentando a mesma coisa. Ele com aquela cara de bebê e elas adoravam. Todas desejavam trepar com ele. Tudo ali, naquela cidadezinha de merda. Então ele sorria e algumas tinham orgasmos, e nós olhando, putos da cara. As garotas que queríamos baixar as calcinhas, as garotas que ilustravam nossas punhetas, estavam todas lá. E todas queria um só pau. Porra, o cara era o rei. A voz ecoava, lambuzava, trovejava. As conções fazíam as meninas sonharem. Depois ele foi embora e começou a aparecer nas capas de revistas e na televisão. Os caras ainda invejavam, as garotas ainda sonhavam em ir para cama com ele. Nós sabíamos, éramos de outro time. Nos tornaríamos escritores, açougueiros, vendedores, advogados. Nunca aquele cara e a merda é que sabíamos.

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